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Uma palavra numa página manchada

 Uma nova carta no correio, talvez seja só mais uma má notícia, uma nova conta a pagar, ou talvez, algum folheto promocional. As vezes, só as vezes, tenho medo de ir buscar novas cartas. Geralmente fico aflita tentando esconder uma ansiedade, procurando por entre letras impressas em notas endereçadas a mim, uma palavra sua, um novo texto, um sinal de vida.
 Queria um envelope com o meu nome escrito a mão, com caneta preta e sua letra mal desenhada. Um jeito meio desleixado de caprichar, um texto meio desajeitado, onde é fácil reparar a ausência de palavras pra descrever uma possível nova situação. Queria notícias suas, apenas saber como você está, se está bem ou não, se ainda lembra de mim ou me tornei uma boa lembrança. Talvez você nem saiba mais quem sou, e parece que eu também não sei quem você é.
 Tenho que puxar na memória os meios, pois os começos não foram conclusivos e o fim foi rápido demais ou não foi, eu não tenho certeza. E com você longe e sem termos contato, me parece que não existiu história alguma para contar sobre nós dois.
 É estranho, como alguém que até ontem a noite era tudo para mim, e hoje ao amanhecer é apenas mais um (des)conhecido. Foi tudo tão rápido, num piscar de olhos você partiu...
 Caminho agora, fazendo um trajeto pela grama verde do quintal, até o ponto mais não-esperançoso onde encontro o que deu origem a essa história. Você deve estar pensando que encontrei uma carta dele, mas está enganado, e eu não queria que estivesse...
 Ele se foi, deixou a saudade e um fim mal contado. Um dia talvez, quem sabe, ele não volta pra mim e eu possa contar o que aconteceu depois que todas as ligações não atendidas e as sms não respondidas. Enquanto isso, continuo acompanhando o movimento da minha caixa de correio esperando por uma palavra, só uma pra criar novas ilusões e esperanças. Mas dele, ultimamente só tenho a saudade.




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