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Não são apenas alguns minutos


 Radio relógio tocando as 8:00hs da manhã, ativo o soneca três vezes, no fim acordo às 8:30hs. Levantei quase implorando para ser tarde o bastante para ter mais 8 horas de sono, infelizmente, não era. Queria uma sexta azul, mas seria apenas uma sexta feita 13, sabe-se-lá se seria boa ou ruim. 
 Já estou sem namorado, perdi alguns amigos, recusei convites para sair de caras interessantes, engordei 2 quilos, está frio e chovendo, perdi meu livro-inspiração. Alguém quer mais? Troquei meu pijama, desci as escadas do prédio, olhei no relógio do térreo, cumprimentei o padeiro, pedi dois pães de sal, um litro de leite, dei o dinheiro para o caixa, caminhei com meu fone de ouvido no lugar com uma música alta e me senti em um clipe de rock, tomei um café-da-manhã rápido, tomei um banho, escolhi um jeans e camiseta, depois um salto alto e alguns acessórios e por fim a maquiagem. Tirei o carro da garagem, olhei para a esquerda, virei o carro para a direita e acelerei. Liguei o rádio, mais uma música rápida, mais um vídeo clipe, mas uma encenação. Sinal vermelho, parada num cruzamento, sinal verde, bora lá. Bateram no meu carro num cruzamento.  Hora de sair do meu confortável estofamento para brigar com um mané.
 O triste é que o mané era bonito e charmoso demais, tinha uma voz máscula e sútil ao mesmo tempo, um perfume bem cheiroso e boas palavras para implorar perdão por ter 'dormido-no-ponto'.  Desculpas aceitas, conversamos para resolvermos a situação, ele arcaria com as despesas do conserto do meu carro, passou seu cartão com telefone e endereço do escritório, passei meu telefone que ele gentilmente pediu para repetir algumas vezes para conferir se tinha esquecido ou errado algum número. Ligou para confirmar o número e para eu conferir o dele também. 
 Deixei o carro na oficina e fui de táxi para o trabalho já que estava super atrasada. Algo me dizia que falar que tinha batido o carro soaria como um pretexto para chegar tarde, sabe-se-lá. 
 Larguei o expediente, e chegando em casa recebi a ligação do tal dorminhoco. Queria sair para jantar. Tentei dar várias desculpas, mas ele tinha uma resposta na ponta da língua...
- "Meu carro está na oficina!" - "Eu te busco!" 
- "Demoro a me arrumar!" - "Eu espero!"
- "Não estou com muita fome! - "A gente podia só dar um passeio..." 
 Por fim, ele me venceu pelo cansaço. Acabamos indo a um restaurante próximo ao meu bairro, que é próximo ao centro. Lá acabei descobrindo que ele não era apenas um rapaz bonito, era também muito simpático e divertido. Nunca pensei dizer isso, mas como foi bom bater o carro hoje de manhã.
 O bonitão dorminhoco, me deixou na porta do prédio e ligou no dia seguinte, e depois, e depois... Parecia quase mentira que ele estivesse mesmo interessado por mim. 
 Continuamos nos encontrando, nos decifrando, nos encantando e quando eu vi já estava completamente apaixonada por aquele homem. De vez enquando nossa vida dá uma reviravolta e a gente volta pra parte de cima da montanha russa. 
 Os sentimentos nos ocorrem quando a gente menos vê, quando a gente menos espera e quando a gente menos procura. Os sentimentos vem e trazem consigo a saudade e a vontade incontrolável de estar junto.

 Pensei que minha vida havia mudado por conta daqueles minutos da batida, então percebi que não foram apenas minutos. Foi tudo o que fizemos que mudou a minha tragetória, tudo aquilo que quase não me arrisquei a viver, tudo aquilo que aprendi vivendo a dois. Passei por uma avenida que não passaria normalmente, mas o locutor de rádio havia dito que o trânsito estava livre por lá. Pensei, talvez ele tenha se queixado da boba que bateu o carro, num dos poucos lugares sem engarrafamento naquela cidade.
 Em nenhuma das diversas vezes que me imaginei vivendo uma história de amor, esperava que fosse acontecer dessa forma. Pensei que viver histórias de comédia-romântica fosse coisa de filmes, até conhecer Rogério. Que homem maravilhoso.
 É daqueles que pode se passar anos mas ele ainda vai te tratar como se fosse a primeira vez... Que vai te tratar bem tipicamente como os heróis dos livros de Nicholas Sparks. Aqueles homens que estão em extinção. Ele me fez amá-lo e amar-me. Me fez olhar no espelho e enxergar o que nunca vi, uma mulher bonita com um homem bonito ao lado. Enxerguei em mim aquelas atrizes lindas de hollywood vivendo suas falsas vidas nos filmes de hollywood. Mas o meu amor é verdadeiro, e minha vida é real, e tudo aquilo que vivo é um conto de fadas paralelo em que o príncipe e princesa vivem felizes, esperando nunca ter um fim.

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