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Cobertor

É estranho falar de nós agora que nós não existimos mais. A forma de falar do passado geralmente soa como arrependimento, e bem, isso não há. Tudo aquilo que passou foi intenso e verdadeiro demais pra dizer que não valeu a pena. Apenas acabou, deu certo, foi bom, mas acabou...

Senti as vezes como se eu fosse um reflexo seu, mas o espelho quebrou e os cacos estão sendo colados. As rachaduras ficam como aprendizado, e disso não posso me queixar. Aprender sobre relacionamentos é sempre bom, e um dia quem sabe, não viro PhD. Pouco também tenho o que reclamar dos torniquetes que fiz pra ver se meu amor parava de sangrar. Parou, acabou, passou...

É debaixo do cobertor que sinto falta do seu calor, essa parte é aquela que eu ainda não substitui, e caso queira saber, meu edredom não é tão quente assim, mas não se preocupe, não estou sentindo frio. As vezes até, me sinto bem mais aquecida do que quando estava com você.

Sabe, há algum tempo atrás eu me senti só, e mesmo contigo eu ainda estava só. Ser sozinha nunca foi fácil, ser nós sozinha nunca foi fácil. Mas a solidão me ensinou e se quer saber, é debaixo do cobertor que eu aprendi a deixar de ficar assim. O cobertor não só aqueceu, mas acarinhou e me fez companhia. O cobertor me salvou, por que não tinha mais lágrimas para chorar e força pra sofrer. E bem, a culpa era sua, agora a culpa é de ninguém ou de nós dois. Mas cansei de falar de nós, por que, bem, acho que só dá para ser nós quando tem duas pessoas se dedicando e tentando ser um. Nós nos acabamos, nós deixamos de ser nós para ser eu e você, mas cada um de um lado da rua, cada um de um lado da vida.





Acabou!
Acabou!
Acabou!


 Tudo aquilo virou pó. Virou saudade, lembranças, um mundo que não existe mais. O passado não vai mais bater na porta e nem entrar pela janela. O passado não vai me assombrar nas músicas e nem em fotos pois me desfiz de todas elas. Algumas eu apaguei, outras eu rasguei, outras ficaram perdidas por ai. Tirei da minha agenda aquela nossa fotografia do natal e joguei fora aquele trecho da nossa música. Eu apaguei você, te expulsei de mim. Mas não posso te expulsar do meu ontem. Você ainda está guardado num pedaçinho do meu coração. Aquele pedaço que deixa de amar e se preocupar, apenas para aprender e se importar em desejar que seja feliz.


 E ai, como foi pra você me ter na sua vida? Valeu alguma coisa? 

 Quer saber, deixa pra lá. Remoer o que você sente não vai valer nada. É o fim, ponto final. E agora já está tarde, hora de ir abraçar meu cobertor. Boa noite tá?

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