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Lembranças suas



 Penso em você enquanto olho pela janela do ônibus. Nesse momento, estou olhando para o que é separado por um vidro e sentindo o que aprendi a sentir com você e por você. As vezes da uma sensação de vazio por que eu sei que o que tivemos não tem volta e na maior parte do tempo é só saudade. Hoje foi mais um "nosso dia" que se perdeu no calendário por que não tem mais aniversário para comemorar.

 Lembro até hoje o que senti quando seus lábios encostaram nos meus, numa sexta feira treze. Sempre tive sorte nesses dias... Era uma noite linda, as estrelas deixavam o céu mais bonito enquanto a lua se escondia nos lençóis de nuvens. Estávamos a beira da praia, sozinhos, já que nossos amigos quiseram ir para o quiosque beber. A areia, incrivelmente branca, se fez colchão e a água cristalina deixava o cenário ainda mais bonito. Eu não esperava ouvir você falar o quanto me achava linda e que meus olhos eram de um tom castanho unicamente meu, que minha pele branca era ainda mais bonita a luz da lua e que adorava minhas mãos delicadas. Também fiquei surpresa ao ouvir você perguntar como conseguia ter uma voz tão forte e madura ao mesmo tempo que eu tinha jeito de menina.  E dizer que a sua maior vontade naquele momento era borrar meu batom. E fazê-lo me dando um beijo doce, leve e sem pressa. Eu me deixei tornar sua, naquele momento em que meus lábios se encaixavam perfeitamente aos seus. Sua mão já estava entrelaçada na minha, seus olhos olhavam fixamente nos meus, seu sorriso fazia meu corpo tremer e o seu beijo fazia as borboletas dançarem aqui no meu estômago.  Eu descobri o que era amar naquele momento. 


 Podem dizer que é loucura, mas eu nunca pensei que veria naquela amizade algo tão maior assim. Olhava para nós dois e quase achava que eramos irmãos. Mas depois daquele beijo a beira mar, vi que irmã era a última coisa que eu esperava ser sua. Queria apenas isso, ser sua. Nada mais. Queria seu sobrenome, dividir com você o endereço, as contas, as dúvidas e o amor. Queria ele inteiro, mas dividido por dois, na mesma proporção se possível. Meio a meio. Mas por um breve momento, você amava mais. Eu, orgulhosa, resolvi ter uma crise de narcisismo e deixar o resto para lá. Enquanto minha outra metade, procurava apenas entender se todo aquele amor havia cessado. Nunca cessou. Eu pensei que ia passar, que ia embora, mas aumentou. E era tarde.

 Nunca vou me perdoar por ter deixado com que outra pessoa tomasse o meu lugar. Seu jeito doce de me fazer sorrir, agora provoca sorrisos nela. Eu coloquei tudo no jogo e ela venceu. Xeque mate, você é dela. 

 Será que você ainda pensa no dia treze de abril? Naquele momento em que todos os nossos sentimentos foram colocados na bandeja e estávamos com medo de perder tudo? Naquele sorriso que eu te dei quando disse sim ao "vamos tentar"? Naquele beijo no mar azul? Na nossa primeira noite de amor? Nos nossos planos? Bom, espero que sim. Só queria te dizer que se você ousar voltar, eu te aceito. Por que eu só sei falar de amor, quando falo de nós dois. Por que eu preciso sentir que estou viva outra vez. Por que eu preciso do seu amor, e não de lembranças suas.



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