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Se você disser que sim



 Não conseguia dormir. Eram três horas da manhã e meu pensamento ia de encontro a você. Sentada na varanda do apartamento, com uma taça de vinho na mão, peguei o celular e antes de finalmente apertar o 'ligar' pensei se deveria, olhando para uma foto nossa juntos que ficou salva no seu contato, que você escolheu e colocou.

 - Oi. Ainda acordada? - sua voz rouca e animada do outro lado da linha, me deixava arrepiada.
 - É, estou sem sono...
 - Por que não veio para cá? Estou no bar ainda.  
 - Não, na verdade queria te perguntar uma coisa.
 - Diga!
 - Quais as chances de você voltar para casa? - pergunto cruzando os dedos.
 - Agora?
 - Sim!
 - Depende. - as minhas esperanças começam a ir pelo ralo.
 - De que?
 - Aconteceu alguma coisa? - noto que sua voz muda e parecia ter se preocupado.
 - Se você disser que sim, talvez acontecerá.
 - Ok, tudo bem. Estou voltando. Chego em meia hora.

 Ignorei o fato de ter bebido e sai de carro. Também ignorei o fato de você ser meu melhor amigo e eu ultimamente estar em dúvidas se era apenas isso. Eu precisava de você naquele momento. Não como sempre precisei, era diferente. Poderia ser qualquer outro, mas eu queria você. Já tinha as chaves do seu apartamento e cheguei antes. Você abriu a porta e logo descobriu que eu estava lá, por causa das luzes acessas. Fui ao seu encontro e em um surto de coragem te pressionei contra a parede e te beijei. Você me correspondeu e tentou falar duas vezes ou três, mas eu te calei com outro encontro de lábios. Comecei a te despir, tirando primeiro sua camisa jeans que estava por cima de uma blusa amarela com estampa do Bart Simpson, sem levar em conta das consequências do que estaria por vir, eu só queria ceder ao impulso de descobrir se tudo aquilo era loucura ou não, tanto para mim quanto para você. Você começou a fazer o mesmo, eu estava com um vestido soltinho que ficava marcado por um cinto. Abracei seu quadril com minhas pernas corredor a fora até chegarmos ao seu sofá confortável, onde você deitou o meu corpo e se jogou por cima. Já estamos apenas com roupas intimas, que logo foram descartadas e jogadas no chão. 

 Juntei o meu nu ao seu. Dois corpos despidos, com sede um do outro. Talvez naquele momento não existisse amor, só desejo. Claro que para mim, unir sentimento a luxúria é muito mais prazeroso, mas naquele momento só tinha vontade de esquecer o universo e me fazer sua posse. Me fiz seu brinquedo e deixei você fazer de mim o que quisesse. Me rendi aos seus encantos, a sua magia de me transtornar, ao seu calor. Seu corpo quente me prensava contra o sofá, enquanto nosso suor se misturava. Seus olhos fixos e focados nos meus. A minha boca procurava o seu pescoço e a sua barba roçava no meu rosto. Arranhava na medida certa, do jeito que eu sempre gostei. Sorte a minha você gostar dessa barba mal feita. Minhas bochechas estavam coradas  e pegando fogo. Seus braços fortes abraçavam as minhas fantasias e o meu ego gritou. Eu te chamava e te pedia um pouco mais de você. Gemia baixinho ao pé do seu ouvido enquanto você me tinha. Puxava o meu cabelo sutilmente, fazendo a tentação aumentar. O lugar pouco importava, a minha dívida era com o nosso prazer e eu estava disposta a pagar o preço. Depois de ficarmos exaltos, fomos para o chuveiro e para sua cama em seguida, com nossos sentimentos molhados e sujos, sem pensar no que ia acontecer ao amanhecer.

No outro dia, nem havia aperto os olhos e  já estava com um sorriso no rosto. Você deitado ao meu lado, já acordado, com o olhar fixo em mim. Me abraçou com força, me puxando para perto. Sussurrou um 'bom dia' gostoso, daqueles que me faziam arrepiar. Me beijou a bochecha uma vez e seus lábios foram de encontro aos meus. Eu estava apaixonada, não tinha dúvidas. O seu sorriso entregava que você também estava. Ainda na cama, tentávamos fugir do assunto com assuntos idiotas, mas sabendo que a qualquer hora teríamos que falar a respeito da noite passada.

 - Eu não imaginava que isso fosse acontecer um dia. - você começou - Quero dizer, não de verdade. Sempre pensei que seria legal se acontecesse, mas devido as circunstancias pensei que talvez fosse impossível.
 - Que circunstancias?
 - Você é... Bem, minha melhor amiga. E seus últimos namorados eram seus amigos. Você disse que estava de saco cheio de perder pessoas especiais por não dar certo. Talvez não quisesse arriscar comigo.
 - Mas...
 - Na verdade, isso é bobagem. A gente só passou a noite juntos e eu estou falando como se fosse mudar algo.
 - Mas eu acho que mudou. - seus olhos, agora fixos nos meus, assustados talvez - Eu realmente acho que mudou. Vou ser franca com você...
 - Como você sempre é... - disse entre minhas falas.
 - Eu estava em casa, e não conseguia parar de pensar em você. Fiquei na dúvida sobre o que andava sentindo e se devia te contar a respeito, para nós dois chegarmos a conclusão. Eu tinha bebido um pouco e resolvi te ligar. Talvez se eu tivesse pensado direito, não teria te procurado e ficaria calada, mas meu coração pedia por você, eu tinha urgência. Então eu soube que era a hora certa de descobrir. E você correspondeu a tudo, talvez por que era um sexo fácil...
 - Não só por isso!
 - ...Mas eu precisava daquilo. Não era carência, por que eu poderia conseguir uma companhia em qualquer lugar. Era você! Tinha que ser você! E eu gostei muito da noite passada. Me desculpa, não quero te forçar a nada, é só que eu precisava que você soubesse e cedesse ontem.
 - Eu quero!
 - O que?
 - Ficar junto, tentar, arriscar, ver o que acontece.
 - Olha eu não quero que você tome nenhuma decisão precip... - você me beija devagar e com demora, interrompendo minha fala.
 - Você está brincando? Você nunca pensou em mim? Eu sempre te amei Rachel. Tantas vezes quis fazer o que você fez ontem e nunca tive coragem, não queria estragar tudo. Eu sou absolutamente louco por você!
 - Isso quer dizer que...
 - Que eu estou disposto a tentar te fazer a mulher mais feliz do mundo. Se você disser que sim, eu farei acontecer...
 - Sim! - um pequeno surto de felicidade fazem nascer um imenso sorriso no meu rosto. - Para você, mil vezes sim!

 Nos amamos novamente, ali. Sem nós, só laços. Entre lençóis brancos e florais. Preparamos um café, quente quanto o que estávamos sentindo. Era amor, sempre foi amor. Bastava dizer que sim e assim foi.



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