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Volta ao singular



 Depois que te deixei, percebi que em partes me deixei também. Não que você fosse meu mundo, mas essa história de metade da laranja só não existiu, por que você era o meu inteiro. Mais que me preencher, você me fazia sentir completa. E ate nessas incomplexidades eu sinto sua falta. Como pôde ser tão fácil te dizer adeus, sendo que era amor? Difícil mesmo foi suportar conviver com o vázio que você deixou em mim. Talvez se eu não fosse tão cabeça-dura-e-orgulhosa eu teria pedido bandeira branca pra guerra dentro de mim, e entre razão e emoção, eu teria escolhido te procurar no dia após o nosso fim. Entre rimas falhas e sentimentos em ruínas, posso te dizer hoje que não. Não superei, não vou superar e mesmo que pudesse voltar atrás ou simplesmente esquecer, diria não a isso também. Por que faria? Se todo o nosso passado, os beijos e abraços, as brigas e ciúmes, os laços e enlaços e todo o misto de sentimentos que tive a audácia de sentir por você valeu a pena? Não quero dizer que voltaria nesse capítulo da vida, ou que beberia do mesmo vinho e muito menos que compraria um carro que já foi meu, mas algumas coisas eram bem mais intensas quando éramos um plural. E se o capitulo tiver sido o mais emocionante do livro, ou o vinho o mais saboroso que já provei, ou quem sabe eu tenha um apego diferente pelo carro? Já disse mil vezes e repito mais um milhão se preciso for, ninguém nunca me amou como você o fez. Enfrentou todos os dragões, subiu todos os degraus da torre mais alta, jogou fora a droga da maçã que suspeitou estar envenenada, quebrou a agulha que me atiçava e fez o escambau a quatro pra ficar do meu lado. Eu sei que não foi fácil e graças a Deus você nunca fingiu ser um príncipe encantado só pra me conquistar.

Ninguém nunca entendeu por que eu era tão enfeitiçada por você. Me chamaram de louca por eu continuar insistindo numa relação que em maior parte do tempo, só me fez sangrar. A realidade dos fatos é que eu sempre te conheci bem melhor que eles, eu sabia que se eu chorava de um lado, você sofria do outro. Uma eterna disputa entre amor e ódio para ver o que era mais sensato sentir por você. No final, a gente sempre soube que o amor venceria. O amor sempre vence. Não é por que não resistiu a vários janeiros, que meu amor foi passageiro. Ele nunca passou. Ele nunca vai passar. Sabe por que? Por que amar você foi a coisa mais prazerosa que já fiz na vida. Doeu as vezes, mas valeu cada lágrima, por que em comparação aos sorrisos que dei, foram poucas.

 Sabe, no final das contas, a única coisa triste de verdade, foi quando voltei ao singular. Sempre gostei de ser dois em um, e ser um sozinha é muito boring. Não me incomodava quando as pessoas se diziam inconformadas pelo nosso término, ou que íamos acabar nos reconciliando, ou que não era você o cara certo pra mim. Na realidade, o que me incomodava de verdade era só a falta que você fazia. Acho que mais que amante, você era o melhor amigo que eu nunca mais terei. De uma hora para outra, perder isso foi intragável. Sinto muito ter dado sorte ao azar e ter te perdido para outrem. E bem, obrigada pelas lindas primaveras e por ter feito que meu amor fosse grande o bastante para nunca morrer. Obrigada por sempre ter sido mais que eu precisava e merecia. Obrigada por ser tão perfeito em suas imperfeições e mostrado que o amor é gostar ate dos defeitos, dos jeitos, dos efeitos. Para mim, isso bastava. Isso sempre bastou.


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