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Recomeço - parte 2



 Você abriu a porta da sala, me viu analisando meus pés, como uma obra a ser estudada. Veio até mim, como uma expressão confusa, como se tentasse desvendar-me .
 - Oi! O que são essas coisas?
 - São suas, vim devolvê-las. Não quero que meu quarto tenha o seu cheiro, não preciso me torturar por isso.
 - Mas...
 - Pegue, eu preciso ir embora logo, não posso me demorar. - Você segurou meu braço e tentou me puxar para mais perto do seu corpo.
 - Ei espere, vamos conversar. Você não pode acabar com tudo assim!
 - Posso e vou! Já é tarde demais pra você tentar consertar alguma coisa.
 - Nunca vai ser tarde demais pra nós dois, você sabe.
 - Tenho que ir, até logo. - eu deveria ter dito 'adeus'.
 Te deixei ali plantado, do lado de fora do portão, tentando adivinhar o motivo de tanta frieza. Sempre tentei fugir de me apaixonar, mas você parecia tão certo que resolvi tentar me entregar.
 Estou voltando para casa, olhando pelo vidro da janela do ônibus que parou pelo semáforo estar no vermelho. Há um casal lá fora, conversando entre beijos e dividindo uma mesa pequena, bebendo o que parece ser um cappuccino. Me fazendo pensar, repensar e trepensar em nós dois, e tentando analisar melhor a situação. Talvez não devesse ter tipo uma atitude tão precipitada. Lá fora está tão morno e dentro de mim, o clima só esfria.
 Acabei de chegar em casa e estou molhando o meu travesseiro com lágrimas amargas. Coloquei para tocar um cd do Caetano que você me deu.

"Quando a gente gosta é claro que a gente cuida
Fala que me ama só que é da boca pra fora
Ou você me engana ou não está maduro
Onde está você agora?"

 Eu sei onde você está...

* TOC TOC *




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