Uma bagagem pesada demais para se carregar, uns amores perdidos no tempo, uma vida mal vivida e um gosto ruim na boca de bebidas alcoólicas e cigarros. Acordar nunca foi um pesadelo tão grande.
Na pia da cozinha, pilhas de louças para lavar; no quarto, a cama por fazer; jogadas na sala, várias garrafas de vodca e tequila, e no meu coração apenas os cacos de um vidro quebrado. Meu coração nunca foi um diamante, nunca foi difícil de lapidar, nunca valeu muita coisa.
O tesouro mais bonito que eu tinha e que poderiam roubar era minha autoestima, e assim foi feito. Mexeram no meu ponto fraco, tiraram o brilho do meu olhar e me fizeram ver alguém no espelho que eu nunca havia conhecido. Alguém muito frágil, com o emocional descontrolado, alguém sem beleza, inteligência ou graça.
Meu sorriso se perdeu no tempo, nas palavras cuspidas e no feito desfeito. Meu amor-próprio se perdeu no tempo, nas palavras não ditas e na tentativa de ligar a minha vida a aquele alguém. Meu orgulho se perdeu no dia que eu o perdi, se desfez na loucura de tentar outra vez e nos cacos que sangraram.
Nunca fui de lamentar a perda de um relacionamento, as vezes eu até me divertia com o fim. Já estava acostumada a ser eu sozinha, e me tornei dependente de alguém que ainda me fazia ser nós sozinha. Batalhei só na guerra dentro de mim. Lutei, sanguei e tentei não desistir. Até que o capitão mandou cessar armas e ir embora para casa.
Eu escrevi cartas que nunca tive coragem de enviar. Mesmo que fale "a gente ainda pode ser amigo", sabemos que por enquanto não é a hora. Uma amizade não vai acobertar um amor, não vai disfarçar a dor, não vai silenciar o choro e os soluços. Uma amizade nunca vai ser o bastante.
Nenhuma carta de amor, nenhuma carta enviada. Nenhum riso deboxado dele e nenhuma mágoa e arrependimento via sedex. Dizem que relembrar uma dor passada é recriar a dor e sofrer novamente, então é hora de queimar palavras com álcool e fósforo e seguir em frente. Mesmo que nos passos que eu der, ninguém segurar a minha mão por enquanto e ninguém caminhar lado a lado comigo.
A gente aprende na dor, então já posso ensinar que com o amor não se brinca, que o amor não ilude e que devemos desligar o rádio de vez enquando.
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Uma amizade não vai acobertar um amor, não vai disfarçar a dor, não vai silenciar o choro e os soluços. Uma amizade nunca vai ser o bastante.
ResponderExcluirO que leva a pensar que...
então já posso ensinar que com o amor não se brinca, que o amor não ilude...
o amor é a paz de Deus que nunca acaba!!!
Que texto liindo !!
ResponderExcluirAmei o novo visual do blog Aninha :)
Morgado, entendeu! totalmente o que quis passar com o texto!
ResponderExcluirMalu não consigo olhar algo sobre cameras sem lembrar de você! rs Obrigada :)
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