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Migalhas

 Nós nos pós e migalhas de sentimentos que nunca foram completos. Às vezes, fico aqui cochichando com meus botões e tentando ver em pedaços de mim alguma sombra de você, e bem, não há nada. Na verdade só há uma coisa, um adeus. Não só na sua partida de mim, mas na sua partida de nós. Devia ver você em todos os pequenos descasos e só vejo você no adeus. Se isso é bom ou ruim eu ainda não sei...


 Sempre me disseram que a gente passa a entender a vida quando encontra um verdadeiro amor, mas quantos amores falsos vou ter que viver até encontrar o certo para me entender? Nem tente me provar que isso é apenas uma música do Charlie Brown Jr. e que os romances não são do jeito que as músicas os descrevem. Tudo pode acontecer, depois que passamos a acreditar que o impossível é só uma desculpa para os fracos.


 Sua falta? É claro que eu sinto, todos os dias, em todas as lágrimas, em todos os falsos sorrisos que dou para acobertar a dor de te perder. Mas é a vida me ensinando que talvez, nessa estrada, não é para seguirmos o mesmo caminho. Eu vou para o direito e você para o errado, quero dizer, o esquerdo. Seria muito fácil me amar, se ao menos você tentasse fazer da maneira certa. Descansos, falta de preocupações e viagens sem data para voltar eram coisas que eu pude suportar por um tempo, mas começaram a me fazer sentir que estava te perdendo tanto, que percebi que era você quem estava me perdendo. Quando eu explodi? Quando você parou de ver em mim o tal amor da sua vida que você via meses atrás e eu vi em você só mais um brutamontes que não se importava se minha saúde - física e mental - estava indo bem.


 Mendiguei as migalhas do seu sentimento e não me sobrou nada. Nada de mim, nada de você. Você não quis deixar nada para mim e só me sobrou aquele colar de coração e aquele vidro de perfume com poucos ml. Dizem que quando acaba um perfume, acaba um amor. O meu amor não acabou, e o seu?


 Não consigo me imaginar nos braços de outro alguém agora, talvez eu não esteja pronta para o mundo lá fora depois que você se foi. Fiquei presa no nosso casulo, no nosso espaço para dois, enquanto você estava aberto para o lá fora. Eu fiquei presa ao nosso edredom e você aos drinks e sinuca de bares. Fazer o que? Eu sei derramar lágrimas e você as sabe esconder.


 O passado bate a porta e no fim a saudade entra pela janela. No fundo, eu sempre soube que isso aconteceria. Sempre fui nós sozinha e disso você é que sempre soube.



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