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Obrigada, por tudo

            


 Hoje me perguntaram por que não tenho escritos muitos textos românticos. Respondi apenas com um sorriso. Olhei para o horizonte, tinha uma vista bonita da cidade, era um pequeno mirante que tem num bairro próximo a minha casa. Quem me questionou era um amigo que há tempos dizia que estava apaixonado por mim. Perguntou me poucos minutos depois, por que eu não queria mais me apaixonar. Dessa vez, quis responder. Disse que um dia conheci um menino. Ele tinha cabelos negros, uma pele morena, olhos da cor dos meus, devia ser um ou dois anos mais velho que eu, pensei.  Eu tinha 8 anos na época, ele tinha 11. Era primo de um primo meu, por coincidência.

 Nos víamos todos os dias, tomávamos sorvete, assistíamos a desenhos animados, ele me ajudava a estudar quando eu tinha dificuldade para fazer os deveres de casa. Meu pai gostava muito da nossa amizade. Minha mãe tinha medo. Ela dizia que garotos mais velhos, tinham maldades que eu só iria entender alguns anos depois. Mesmo assim, continuamos amigos. Ele começou a beijar as meninas e eu sentia um pouco de nojo. Na época, era normal crianças não gostarem muito dessas coisas.

 Quando eu completei meus treze anos, ele me roubou um beijo. Meu primeiro beijo. Por incrível que pareça, não teve aquele momento constrangedor. Nossa amizade continuava a todo valor. Aos dezesseis anos, meus sentimentos começaram a se embaralhar por ele. Eu não disse nada, ele quem disse que estava apaixonado por mim. Ele já tinha carteira de motorista, estava na faculdade, eu ainda estava no segundo ano do ensino médio. Mas isso nunca interferiu em nada. Começamos a namorar, ele conversou com meu pai, disse que sabia que idade seria algo meio complicado, mas passou tanta segurança pro meu velho, que ele só disse: "faça minha filha feliz". E ele fez. Durante dois meses. Até que disse que ia mudar para São Paulo com seus pais. Tentamos manter um relacionamento a distancia, mas era algo que eu não sabia lidar. Colocamos um ponto final numa história que ainda teria muita reticencia.

 Se me perguntarem se eu ainda sou apaixonada por ele, eu direi que não. Mas se perguntarem se eu ainda o amo, direi que sim. O grande problema de se apaixonar por um amigo, é que sempre fica mal resolvido. Ou sobra dúvidas ou sobra sentimento. Agora consigo responder a pergunta. Eu tenho um problema, me apaixono muito fácil (e desapaixono fácil também), ou me apego muito, ou não apego nada. E eu não gosto de brincar com sentimentos de ninguém. O fato de eu não querer me apaixonar, é que eu não quero me prender a ninguém, como me prendi a um melhor amigo de infância. Eu não o esqueci ainda, tão pouco o meu segundo namorado que foi um cara incrível e ao mesmo tempo um idiota, muito menos o meu último namorado. Porém,  fazem quatro anos que disse adeus a alguém e não ao sentimento. Não é isso que eu quero agora. 

 Decidi que queria coisas novas e com isso abandonei certas coisas. Há três ou quatro meses atrás, surtei. Ai resolvi desapegar de algumas pessoas, alguns lugares, algumas histórias e principalmente, há alguns possíveis novos romances. Não é isso que eu quero nesse momento.

 Me disseram uma vez que as pessoas tem que nos amar do jeito que somos. Depois, disseram que quem ama não tenta nos mudar. Discordo tanto. Sabe, acho que relacionamentos são feitos de sacrifícios. Se eu acho válido mudar alguma coisa ou outra, por que não o fazer? Claro, não devemos ser outra pessoa, mas podemos fazer um mix de antigo eu e futuro eu. Amar alguém é difícil, principalmente quando a pessoa é completamente diferente de nós. Ninguém cede, o amor adoece. Exatamente por isso, não quero me prender a ninguém. Não quero mudar. Quero continuar sendo essa garota meio louca, que resolveu aproveitar coisas que os últimos três anos me roubaram. Não quero me sacrificar por ninguém, só por mim. Finalmente! Uma hora eu teria que ser mais egoísta certo? 

 Sabe, sobre o que acabei de contar, não julguem errado. Eu sou super apegada ao meu passado. Não me faz sofrer mais, só sorrir. As minhas histórias nunca são só o que parecem ser, tem que ir ao fundo. Eu queria poder falar algo super racional sobre esse momento que estou vivendo, mas só consigo ser emocional. Estou feliz. Isso é bom, aliás.


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