O amor nunca falha

 Esse texto é 100% sobre a vida, é 100% sobre mim. Sobre a minha pouca experiência de vida suficiente para me ensinar muita coisa. É um pouco de desabafo, de saudade, de tristeza, misturado com alegria. Bem, não sei exatamente dar a descrição dos sentimentos, só sei que as palavras estão gritando na minha mente e no meu coração e eu preciso despejar isso.

 Eu quero falar sobre a importância da vida e do amor. Não no sentido romântico, relacionamento, nada disso. Quero falar do amor na sua essência, o que envolve afeição, compaixão, espírito de abnegação, humildade e todo o amor por princípios. Falando assim é impossível não se lembrar da música “Monte Castelo” da minha banda preferida Legião Urbana. A canção é belíssima. Foi uma inspiração das citações de Luís Vaz de Camões em seu soneto 11, além do capítulo 13 de Coríntios na Bíblia. Essas citações dizem a mais plena verdade sobre o amor, que sem ele não somos nada, que o amor é à base de tudo, que ele é verdade e pureza, que ele é um refúgio e nos dá conforto. Falando disso tudo, chego ao ponto que me moveu a esse turbilhão de emoções e imensa saudade. Estou falando de umas das pessoas mais importantes na minha vida, o meu tio Lau. Ele faleceu no dia 21 de março desse ano. A morte dele foi a pior coisa que me aconteceu durante toda a minha mínima experiência de vida. Mesmo que não convivêssemos pessoalmente, cara a cara com muita freqüência, eu sempre tive uma ligação fora do normal com ele, como um sentimento de pai e filha, e não tenho palavras pra descrever como é perder alguém tão importante e de maneira tão súbita como foi quando ele partiu. 

 Agora relacionando isso com o amor, e do conforto, é o seguinte: a última vez que o vi antes dele falecer foi em um desses feriados no mês de dezembro. Quando estava indo embora e fui me despedir dele, eu dei o abraço mais forte que podia, disse que amava ele muito, ele retribuiu o abraço e disse “também te amo muito carniça”. Essa era a maneira dele falar com a gente, a forma carinhosa que ele sempre nos tratou (risos). Então eu olhei bem fundo naqueles olhos verdes dele, dei-lhe um beliscão, sorri e fui embora. Quando recebi a notícia do falecimento dele, eu fiquei parada por uns 30 minutos em estado de choque, eu não conseguia aceitar, não conseguia acreditar e por fim tudo o que fiz foi chorar sem controle e lamentar muito. Além da tristeza inexplicável por perder alguém como ele, que eu amo muito, eu também sentia uma dor no coração e na consciência por não tê-lo visto mais uma vez, e por pensar que na semana seguinte, quando faria exatos 7 dias da sua morte, seria um feriado e já estava tudo combinado de ir na casa dele. Só queria ter visto ele mais uma vez, já estava tudo combinado, mas o imprevisto sobrevém a todos. 

 O que me confortou e amenizou a dor na minha consciência foi me lembrar que da última vez que o vi, eu disse que o amava. Eu disse isso da forma mais sincera possível, dei o abraço mais sincero e ele retribuiu da maneira mais descontraída e sincera típica dele. Desde esse ocorrido, eu aprendi que todas as palavras devem ser ditas, todas as coisas que você pensa em deixar pra amanhã devem ser feitas hoje. Não fique protelando as coisas, e nunca deixe de mostrar o que sente, nunca deixe de amar e nunca deixe de dizer isso para as pessoas importantes na sua vida. Gente, o amor é realmente lindo, é realmente confortador, ele faz tudo valer à pena. Graças ao amor, eu pude demonstrar toda essa sinceridade e carinho para uma das pessoas mais amável e mais importante da minha vida antes que ela partisse. Graças ao amor, a minha dor se transformou nas melhores lembranças que eu poderia ter e em uma imensa saudade.