Só um platônico auto amor e escolhas erradas...
Marta nunca foi muito sentimental; detestava essa história de vomitar arco-íris por conta de mensagens fofas que qualquer cara mandasse de madrugada; abominava o fútil e o rosa, e era alérgica ao vulgar. Olhava pela janela embaçada e fazia um círculo desenhado, limpando com sua mão o que a chuva, a janela fechada e sua respiração fez com o vidro. Abria os olhos e tudo o que via lá fora era pacato. O mesmo céu cinzento, o mesmo chão úmido, o mesmo sol tímido, a mesma grama esverdiada, a mesma caixa de correio vazia, a mesma mesmice. Só não se importava de conviver com o mesmo amor próprio platônico.
Ela se amava, tinha certeza disso, mas nem se conhecia e nem sabia o porque amor. Nunca fez nada interessante e seu melhor amigo e confidente era o seu diário. Sempre foi fria, calculista e extremista... Se preocupava com a fauna e a flora, queria salvar o mundo e amava crianças. Esperava o mundo mudar... Sempre quis ser uma super heroína, mas sabe quando o super herói que precisar ser salvo? Então... Escuta John Mayer todos os dias, e nunca se cansa. Ela quer mudar, sabe que é preciso, mas quando vai dar o primeiro passo se atropela toda, mete os pés pelas mãos, cai e não se levanta. Por fim, desiste!
Ironiza, dizendo que nasceu no país errado; odeia folia e carnaval, não sabe sambar. Não nasceu na terra em que se diz "sou brasileiro e não desisto nunca". Sempre notava movimentos ilusórios com o canto do olho e ouvia barulhos fictícios. Quando olhava, não havia nada e ninguém, não existiam vultos e era só o vento batendo na janela. Pensava então estar enlouquecendo, mas toda a solidão era forma de sentir apenas o abraço do nada.
Tudo para Marta era muito incerto, tanto que nem pensava em contos encantados. Sabia que não teria o seu felizes para sempre. Lia vários livros de Nicholas Sparks e queria um amor perfeito. Se olha no espelho e não vê nada especial, nada diferente. Enfim, resolveu cortar o cabelo no maior clima mulher-fatal, uma maquiagem mais mulher-fatal, uma roupa mais mulher-fatal e foi ao bar sozinha. Os garçons lhe entregavam vários drinks de rapazotes interessantes, mas nunca ninguém a chama a atenção. Chegava então a conclusão de que não sabia ser mulher fatal.
Todos os dias se ouviam fofocas a respeito da garota estranha, que mora sozinha e que nunca recebe visitas. Mas Marta só queria ficar no seu canto, sozinha. Admirava a lua e as estrelas e odiava o sol. Isso no entanto nunca a fez se achar uma garota da noite. Na verdade, nunca foi um morcego. Dormia a noite toda, e de dia, assistia filmes e escrevia livros. Todos eles eram publicados, mas nunca com o seu nome verdadeiro. Ela era a "Catarine Augusto", autora de alguns best sellers, de vários contos e de um blog famoso. Sempre escrevia sobre amores que nunca teria, famílias que nunca teria, vida que sempre sonhava. Ela sabia que o seu próximo livro se chamaria "Alone, Marta".
Nesse livro, cheio de palavras que se descreviam bem, estaria a sua história e seu caso de amor consigo mesma, falaria sobre seus pais, sua vida e principalmente sobre o que esperava do futuro. Contaria sobre seus primeiros amores,
A essa altura você já consegue imaginar que ele foi a causa do seu auto amor e sua vontade de se esquivar do mundo. Ela tem medo de amar outra vez e por isso mutila todas as chances de recomeçar. Acho que no fim das contas ela nunca foi alone Marta, só Marta. Julgá-la? Não! Só a deixem ser, quem se tornou.
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