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Aqui dentro



 Já havia desligado o computador e estava pronta para ir dormir. Dessa vez, eu sabia que a noite ia me render horas de descanso, já que tomei suco de maracujá. Mas peguei um livro para ler. Li pouco mais de quatro páginas e já liguei o computador outra vez. Eram 01:36h e aqui em casa todo mundo já estava num sono profundo. O som das teclas não acordou ninguém. Meus fones estavam no ouvido, escutei uma música que procurei no youtube e só, porém ainda estava pendurada nos fios brancos que cabiam certos nas laterais do rosto. Tive vontade de escrever alguma coisa que não sabia ao certo o que seria. Pensei em falar de amor, mas escrevo muito sobre isso. Depois pensei em falar sobre meus amigos ou talvez sobre os que já foram e não são mais, mas já havia postado um texto no facebook abordando esse assunto. Me faltou o que falar e estou aqui pensando no quão bobo pode ser, ter tanto a se falar e tão pouco se dizer. 

 Noite passada fui para um hospital, o médico deu o diagnostico de desidratação, mas cá pra nós acho que estou sofrendo de coisas do coração. Não tem nada haver com meu namorado ou com algum amigo, tão pouco meus familiares, mas falta alguma coisa. Ando me sentindo incompleta. Meus textos preferidos nascem quando estou me sentindo assim. Então se conclui que é algo de outras primaveras. O médico disse: "estou tentando pensar em prescrever algum remédio mas acho que água resolve melhor. Caso aconteça algo, volte já pro hospital.", e eu de outro lado pensando "talvez ele devesse falar para eu economizar nas lágrimas, talvez elas sejam as culpadas", mas me calei. Hoje acordei com dores no braço e algumas áreas bastante roxeadas, culpa do soro. Mas dor mesmo sinto em me sentir mal assim, não há nada errado por fora mas por dentro é strike nos meus pensamentos. Marca nas olheiras e no coração de quem me quer bem e vê que estou dessa forma. Existe remédio que cure essa doença de se sentir sozinha quando o mundo inteiro lhe faz companhia?

 Eu queria saber me ler, me descobrir, me decifrar. O espelho me mostra um sembrante triste e em mim há um vazio, um buraco, que ninguém conseguiu preencher. Já não entendo o que se passa aqui dentro de mim.  Os dias estão rotineiros e sem graça. Faltam aqueles 30 segundos de ar. Pessoas (des)conhecidas, resolveram voltar. Vejo todos esses sorrisos e me dá certa inveja. Todo mundo parece tão completo. O maracujá ainda não me desligou. São 01:51h e eu sinto que escrevi tudo isso meio rápido demais, mas não quero mudar nada. Deixe o texto assim, sem rascunho. Amanhã talvez eu me entenda melhor, aprendo a decifrar meu pobre coração em braile e me divirta. Amanhã talvez eu me sinta melhor. Amanhã. Talvez... 



1 Opiniões:

  1. Nossa, agora relendo este post, estou vendo exatamente como estou neste momento..
    Perfeito, e vc Aninha Correia de uma forma ou de outra sempre consegue me fazer entender algo que estou sentindo!!!

    BjOos

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