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Dança comigo?



 Entre linhas de um passado rasurado, eu encontro nos dois, sentados na calçada, entre risos, sorrisos e beijos que diziam em silêncio o quanto nos amávamos. Era amor. Dos grandes. Era pequeno mas explodia dentro da gente. Era oceano, deserto, nuvem. Era algo que tanto, eu não consigo descrever. Talvez você entenda, talvez não. É que sentimento é isso mesmo, nunca certeza, sempre confusão. É pouco e tantão. Nunca é o bastante, nunca é demais. Sempre aparece de dentro pra fora, por que quando é amor, queima dentro da gente aquela vontade louca de se apaixonar e fazer com que se apaixonem. Toda hora, é hora. E saudade vira constância, mesmo que o tempo queira apagar. Nunca some, nunca passa, só morna, adormece, para de ferir.

 Com você é assim, não respira mas não morre. Nosso amor está em coma induzido, e não quero acordá-lo. Pois ainda assusta. Me rouba o sono, o sonho e o amanhecer fica triste sem você ao lado. Por favor, fique no passado. Não quero reviver toda aquela felicidade para sofrer depois o que sofri. Prefiro ficar assim, desconhecendo o presente-futuro que poderia te ter. Você sabe, eu sou muito emotiva! Quando te vejo passeando por ai dá vontade de gritar "ei, olha para mim com aquele olhar doce que você olhava, com aquele brilho que fazia com que os meus olhos brilhassem também", mas você nem olha pros lados e eu resisto a vontade de te acertar com um chinelo para chamar sua atenção.


 Eu sei que o meu tipo de amor é um pouco diferente. Era livre. Free fallin'. Sem pressão, sem cobranças, sem ciumes. Mas nunca significou que não foi amor. Que não é amor. Por que é amor! Dos grandes, dos pequenos. Daqueles que só nós conhecemos. Como uma dança. Dois para lá, dois para cá. Um só não dança colado. Não abraça apertado. Não beija melado. Não vive se sentindo amado. Tudo sempre começa no um mais um, que formam dois, mas com a gente, formava um. Um para lá, um para cá, dando dois passinhos para cada lado. Dança comigo? Me faz sentir no perigo. Quem sabe minha bipolaridade sentimental aceita que viver com você é melhor do que sofrer sozinha. 

 Eu sei que mudei de opinião algumas milhões de vezes por aqui. Mas sentimento é isso mesmo, nunca certeza, sempre confusão. É que no fundo eu tenho que fingir que não te quero por perto para aceitar que te perdi. Por bobeira, por um instante de loucura. Não vou dar adeus a um passado que me fez sorrir, vou me despedir com um "até logo, a gente se vê por ai". 




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