Carências da falta de quem amar

 Eu gosto do amor. Gosto de gostar de alguma pessoa em especial. Gosto quando existe alguém que faça com que eu me sinta única e especial, que faça meus olhos brilharem e saírem faíscas de dentro de mim. O grande problema é que já faz tempo que eu não sinto algo desse tipo por alguém. As tais borboletas que habitavam e bagunçavam sempre o meu estômago estão bem quietinhas, meu pobre coração que vivia palpitando, não balança por ninguém, meu corpo já não treme como se levasse um choque por que ninguém me desperta nada além de repulsa, uns por serem ciumentos, outros por serem melosos, outros por tentarem me enganar mesmo eu sabendo que é o papo típico que usa para todas e até mesmo aqueles bons demais me irritam. Ninguém me deixa aquele êxtase enorme que alimenta a vontade de gritar felicidade e pular de alegria.

 Não consigo gostar de ninguém, não há quem me mantenha interessada por mais de uma semana. Parece até sina de quem já amou demais, se entregou demais, foi intensa demais. Não possou nem ousar culpar meus antigos relacionamentos, nunca fui infeliz no amor ou tive sequer uma grande decepção. Muito pelo contrário! Só acabaram por que  era o melhor a ser feito. Sai dos namoros sem traumas. O que tinha que sofrer, era sofrido nas duas primeiras semanas, depois bola pra frente, a vida continua. Não gosto de prolongar qualquer tipo de dor. Aprendi que tudo tem começo, meio e fim. O recomeço existe, é um ciclo vicioso. Não me apego a quase nada, por que raios faria isso com relacionamentos falhos?

 Coloquei a ideia de ser feliz  sozinha fixa na cabeça e nada (e ninguém) consegue tirá-la de lá. Porém ainda não tenho certeza de que foi a melhor decisão. Carências de quem ajude a apartar guerras internas estão ai para quem quiser dar um alô. Passeios românticos no parque, pic nics nas praças, fazer viagens para perto, para longe, para dentro, para fora, viagens um no outro... Beijos roubados, demorados e que alimentam o desejo, abraços apertados e intensos como só quem ama é capaz de dar, receber e sentir, carinhos, afagos, cafunes, massagens, dedos deslizando na bochecha, barba na nuca, fungada no cangote, mãos dadas, mão boba, hálito quente na orelha, sussurros cheios de luxurias ou declarações, fazer amor (que piegas!), ou sexo selvagem, planejar o futuro, fazer promessas, acordar junto e sorrir por que se dá conta que sem ele tudo é nada e você só quer e sente que só precisa daquilo, daquele momento, dele para se sentir feliz, dar risadas sem motivo apenas por lembrar dele. É disso que sinto falta. É esse tipo de amor que eu quero sentir de novo. 

 Não culpo só a mim por não conseguir deixar de sabotar todas as minhas chances de ter alguém, mas por que diabos os homens estão tão pouco interessantes? Não sabem conversar e quando  sabem só falam de futilidades. Isso me entedia. Nenhum futuro promissor. Para finalizar, a pergunta que não quer calar: tia, posso ir morar com você?